Lula defende presidente do BC que 'olhe um pouco este país do jeito que ele é, e não do que jeito que o sistema financeiro fala'

.

Por Expressão Naviraí em 01/07/2024 às 18:56:09

Lula poderá escolher o novo presidente do Banco Central, já que mandato do atual, Campos Neto, termina em dezembro. Após fala de Lula, cotação do dólar chegou a R$ 5,65, a maior frente ao real em dois anos e meio. Lula concede entrevista à rádio de Feira de Santana, na Bahia.

Reprodução/ CanalGov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta segunda-feira (1º) novas críticas ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Lula afirmou que, quando for escolher o novo presidente do BC, buscará alguém que "olhe para o país do jeito que ele é", e não "do jeito que o sistema financeiro fala.

Lula tem feito reiteradas críticas ao BC e a Campos Netto. O argumento do presidente é que o BC está mantendo a Selic (taxa básica de juros) em patamares altos — atualmente 10,5% ao ano — sem necessidade. E que isso prejudica o crescimento do país, uma vez que fica mais caro captar dinheiro no sistema financeiro.

Por outro lado, o BC diz que o governo não cumpre a contento sua função de controlar os gastos públicos. Com isso, o risco de inflação persiste, o que exige juros mais altos.

Desde 2021, o Banco Central tem autonomia. Isso significa que Lula não pode tirar Campos Neto do cargo. O mandato do atual presidente do BC, indicado no governo Jair Bolsonaro, termina em dezembro. Lula poderá indicar o próximo.

"Foi aprovado pelo Congresso , a independência do Banco Central. Foi indicado o cidadão pelo governo passado. Eu tenho que ter muita paciência na hora de indicar outro candidato e ver se a gente consegue, sabe, com a maior autonomia possível — que é decência política das pessoas — que o presidente do Banco Central olhe um pouco este país do jeito que ele é, e não do que jeito que o sistema financeiro fala", disse Lula.

Lula reclama de decisão do Banco Central sobre taxa de juros

Após a entrevista do presidente, a cotação do dólar subiu e atingiu o maior valor em 2 anos e meio, custando R$ 5,65. O mercado vê nessas declarações interferência política na economia.

Na entrevista desta segunda, Lula voltou a dizer que a taxa básica de juros — a taxa Selic — deveria estar mais baixa e que o atual modelo de autonomia da instituição é "equivocado".

"O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Nós não precisamos de ter política de juros altos neste momento, não precisamos. A taxa Selic em 10,50% está exagerada. A inflação está controlada. Nós acabamos de aprovar a manutenção da média [da inflação] em 3% ao ano. Ou seja, a responsabilidade é algo que a gente preza muito", afirmou Lula em entrevista à Rádio Princesa, de Feira de Santana, na Bahia.

Lula também voltou a se queixar do modelo de autonomia do BC.

"Correto é que entre um presidente e indique o presidente do Banco Central. Não dá para o cidadão [Campos Neto] ter mandato e ser mais importante do que o presidente da República. Isso que está equivocado", disse Lula.

Fonte: G1

Comunicar erro

Comentários