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Entidades ligadas ao agronegócio pediram a anulação de três questões do primeiro dia de prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), aplicada neste domingo (5).
As questões abordam temas controversos sobre o setor, como a relação entre o agronegócio e o desmatamento, e são consideradas “ideológicas” pelas entidades.
Na tarde de segunda-feira, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) emitiu um comunicado afirmando que “aguarda com urgência uma posição do governo federal brasileiro em relação a questões ideológicas e sem embasamento científico ou acadêmico presentes no Exame Nacional do Ensino Médio”.
Ainda sobre o ENEM ideologizado contra o #agro brasileiro: @fpagropecuaria pic.twitter.com/J6nx1PdUxv
— Pedro Lupion (@pedro_lupion) November 6, 2023
Uma das primeiras manifestações veio da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), que reúne pecuaristas e a indústria da carne no estado.
A entidade considerou “totalmente inaceitável elaborar questões que não têm o propósito de avaliar conhecimento, mas sim de acusar, sem fundamentos, toda a agropecuária nacional”.
O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) também se manifestou, por nota, declarando que considera a apresentação de questões que se concentram unilateralmente em críticas sobre um tópico tão complexo como a atividade agropecuária no país como, no mínimo, prejudicial à nação.
Em nota, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou que vai mobilizar outras entidades setoriais, universidades, pesquisadores e educadores para propor a atualização do conceito de agronegócio no banco de questões utilizado na elaboração das provas do Enem e demais materiais didáticos distribuídos pelo governo federal.
“Mais do mais do que anular as questões, o MEC precisa esclarecer à sociedade como pretende interromper esse ciclo de desinformação”, diz a entidade.
A Sociedade Rural Brasileira (SRB), em nota, escreveu que os avanços tecnológicos do agro brasileiro são um fato comprovado pelas maiores universidades do Brasil. “O agronegócio brasileiro vem reduzindo impactos ambientais, disseminando práticas sustentáveis e garantindo alimentos, emprego e renda para nossa população”, afirmou a entidade.
“Entendemos que a prova do Enem é um espaço para avaliar o conhecimento dos nossos alunos e deve estar desconectado do viés ideológico de determinados grupos”, complementou.
O Sindicato Rural de Ribeirão Preto também se posicionou, por meio de carta endereçada aos organizadores do exame.
Sindicato Rural de Ribeirão Preto endereça carta ao Presidente do INEP referente à questão do ENEM que tenta demonizar o agronegócio brasileiro.
— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) November 6, 2023
Vergonhoso. pic.twitter.com/W9cMpBkS9O
Os parlamentares pedem a anulação das questões 70, 71 e 89, que tratam de temas relacionados a desmatamento, populações indígenas e agronegócio.
Até o momento, o Ministério da Educação e o Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que organiza o exame, não respondeu nenhuma das criticas apontadas pelas entidades do agronegócio.
As questões Enem são elaborados por especialistas selecionados por meio de chamada pública. Eles devem seguir a matriz de referência, guia de elaboração e revisão de itens estabelecidos pelo Inep.
Após escritos, os itens passam, então, por revisores e depois por especialistas do Inep.
Finalmente, os itens são pré-testados em aplicações feitas em escolas pelo país. O processo é sigiloso e os estudantes não sabem que estão respondendo a possíveis questões do Enem. Com a aplicação, avalia-se a dificuldade, o grau de discriminação e a probabilidade de acerto ao acaso da questão. Os itens aprovados passam a compor o BNI, que fica disponível para aplicações futuras do Enem.
Fonte: Canal RURAL