Daniel Kahneman, vencedor do Nobel de Economia, morre aos 90 anos

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Por Expressão Naviraí em 28/03/2024 às 18:47:26

Formado em psicologia, professor foi pioneiro em estudos sobre economia comportamental. Ex-presidente dos EUA, Barack Obama, entrega a Medalha Presidencial da Liberdade a Daniel Kahneman durante uma cerimônia na Casa Branca em novembro de 2013.

Mandel NGAN/AFP

Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel em Ciências Econômicas, morreu nesta quarta-feira (27), aos 90 anos. A morte do professor foi confirmada por sua parceira, Barbara Tversky, ao jornal norte-americano The New York Times. Ela não informou a causa nem o local.

Formado em psicologia, Kahneman foi por muito tempo associado à Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Ele é considerado "pai" da economia comportamental por seus trabalhos no ramo — que lhe garantiram, inclusive, o Nobel em 2002, mesmo sem nunca ter cursado economia.

Kahneman, que é nascido em Tel Aviv, em Israel, foi premiado por ter integrado fatores da pesquisa psicológica à ciência econômica, especialmente em relação à tomada de decisões em cenários de incerteza.

Em síntese, o trabalho de Kahneman questionou o fato de a racionalidade ser condutora das tomadas de decisões. Ele tratou, entre outros pontos, da lógica por trás de comportamentos: seja nas decisões para economizar dinheiro ou até nas escolhas sobre vender ou não ações no mercado financeiro.

A escola comportamental — base do trabalho de Kahneman — se sustenta, principalmente, em expor vieses mentais inatos que podem distorcer o julgamento, muitas vezes com resultados contraintuitivos, conforme destacou o jornal The New York Times.

Trata-se de uma abordagem diferente da economia tradicional, que assume que os seres humanos geralmente agem de maneira totalmente racional.

Kahneman, que também é autor do livro "Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar", popularizou, portanto, um modelo de tomada de decisões em que situações de escassez levam a julgamentos apressados — e eventualmente a más decisões.

O psicólogo Steven Pinker, professor da Universidade de Harvard, disse em 2014 ao jornal britânico The Guardian que a mensagem central de Kahneman "não poderia ser mais importante".

"Ou seja, que a razão humana, deixada à sua própria sorte, está sujeita a se envolver em uma série de falácias e erros sistemáticos. Por isso, se queremos tomar melhores decisões nas nossas vidas pessoais e como sociedade, devemos estar conscientes destes preconceitos e procurar soluções alternativas. Essa é uma descoberta poderosa e importante."

Os trabalhos de Kahneman, feitos em grande parte na década de 1970, levaram a uma reavaliação de questões diversas como negligência médica e negociações políticas internacionais.

Análises de Kahneman foram feitas principalmente em colaboração com Amos Tversky, um psicólogo cognitivo da Universidade de Stanford que fez um trabalho inovador sobre julgamento humano e tomada de decisões.

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Fonte: G1

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