caju
Quem disse que agro e carnaval não se misturam? "Meu caju, meu cajueiro, pede um cheiro que eu dou! O puro suco do fruto do meu amor".
O samba-enredo "Pede caju que dou pé de caju que dá", já é um sucesso, sendo o samba-enredo mais ouvido do carnaval carioca nas plataformas de streaming. E quem leva o tema à avenida é a Mocidade Independente de Padre Miguel, que abre nesta segunda-feira (12) o segundo dia de desfiles do grupo especial do carnaval do Rio de Janeiro.
Inclusive, essa não é a primeira vez que a fruta inspira artistas brasileiros. Na música "Cajuína", Caetano Veloso homenageou a bebida feita a partir do suco, que apresenta uma particularidade, como explica o pesquisador da Embrapa Agroindustrial Tropical, Marlos Bezerra.
"Caju nós temos duas partes: a castanha que é o fruto, propriamente dito, e temos o pedúnculo, que também é bastante apreciado do ponto de vista alimentar. Então temos essa característica única do caju ter um fruto e um pseudofruto, os dois comestíveis e os dois de excelente qualidade nutricional".
Apesar de 100% brasileiro, o cajueiro foi levado pelos portugueses a outros continentes. Atualmente, a Costa do Marfim, país localizado na África Ocidental, lidera a produção mundial
Aqui no brasil, o Nordeste concentra quase 100% do cultivo, sendo o Ceará o principal estado produtor, com mais da metade da área (63,5%),
Estima-se que a cultura do caju forneça renda para 190 mil famílias brasileiras. A castanha consumida, geralmente in natura, também é usada como base de diversos pratos sem lactose.
Já a bebida extraída do fruto é matéria-prima junto com a maçã na indústria de sucos do país. Com todas essas opções, o bagaço da fruta ainda pode dar origem a outros produtos. Essa diversidade é fruto de muita pesquisa por parte da Embrapa, que possui o principal centro de pesquisa sobre o caju no mundo.
"É um produto altamente rico em fibra e a gente já trabalhou, desenvolveu, tem empresas no Rio de Janeiro que utiliza esse resíduo, esse bagaço do caju, como fibra, um produto que é utilizado na fabricação de uma série de outros produtos como hambúrguer, na linha de vegetariano ou vegano. Há uma imensa possibilidade de utilização do caju", conta Bezerra.
A embrapa vai ser representada na Marquês de Sapucaí, já que a instituição prestou consultoria à Mocidade Independente de Padre Miguel na elaboração do enredo.
Além disso, algumas mudas de cajueiro-anão foram plantadas pela empresa pública na quadra da escola e outras vão ajudar a compor o desfile em alegorias. Uma prova de que os três C's: caju, carnaval e ciência dão samba.
"É plenamente possível você fazer a junção dessas coisas e a gente até coloca assim: a gente é uma instituição de ciência e tecnologia, instituição de pesquisa e desenvolvimento e a gente trabalha aqui com alegria, então nosso carnaval com o caju é diário".
Os clones de cajueiro-anão doados à escola são capazes de produzir até mil quilos de castanha por hectare. Essas cultivares desenvolvidas pela Embrapa Agroindustrial Tropical são mais produtivas e resistentes à doenças. Com a planta do caju na comissão de frente, a escola espera colher bons frutos e, quem sabe, o título do carnaval do Rio.
Por outras praias a nobreza aprovou
Nas redondezas se espalhou, tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho é documento
Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio
Nessa batalha teve aperreio
Duas flechas e no meio uma tal cunhã poranga
Tarsila pinta a sanha modernista, tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!
É tropicália, tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor independente
A batida mais quente, deixa o povo provar
Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A Mocidade é a cara do Brasil
Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desses que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
E aí tupi no interior do cafundó
Um quiprocó virou guerra assumida
Provou porã, fruta do pé
Se lambuzou, Tamamdaré
O mel escorre, o olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha
Fonte: Canal RURAL